Em 2021, comemoramos os 20 anos do lançamento de Harry Potter e a Pedra Filosofal, filme que deu início a uma das séries mais bem sucedidas da história do cinema. Somente o primeiro filme arrecadou mais de US$1 bilhão ao redor do mundo.
E para celebrar o aniversário do início do universo cinematográfico de Harry Potter, separamos 10 curiosidades sobre a produção de Harry Potter e a Pedra Filosofal.
1 - O primeiro dia de gravação
Não é novidade para ninguém que no cinema as gravações são realizadas fora de ordem, visando sempre uma otimização logística do tempo, cenários… E com Harry Potter não foi diferente.
A primeira cena filmada do longa-metragem é exatamente a última cena do filme: a despedida de Hagrid na plataforma do Expresso de Hogwarts. No roteiro, ela era a cena 165 e a gravação aconteceu no dia 29 de setembro de 2000. E essa diária de gravação foi um grande laboratório para a equipe, que pôde descobrir o que funcionaria ou não no filme, e modificá-las a tempo, antes de dar sequência às gravações.
2 - “Você tem os olhos de sua mãe”
Qualquer fã da saga sabe que talvez o maior “erro” dos filmes seja o fato dos olhos de Harry no cinema não serem verdes, assim como nos livros. E isso seria apenas um detalhe que passaria despercebido, não fosse a ênfase que diversos personagens dão ao longo da história de que os olhos do personagem são parecidos com os de sua mãe.
Na verdade, a produção tinha intenção de fazer o Daniel Radcliffe usar lentes de contato verdes, porém o ator teve uma reação alérgica no set e então decidiram manter os olhos azuis do ator.
Na última cena do filme, quando Harry se despede de Hagrid, é possível ver que seus olhos estão inchados e lacrimejando, o que parece condizer com a carga emocional da cena. Porém, o produtor David Heyman revelou que isso foi causado pelo uso das lentes.
3 - Os dentes de Hermione
Outra alteração realizada após a primeira diária de gravação foram os dentes Hermione. Já que nos livros a personagem tem seus dentes projetados para frente, a equipe preparou uma prótese dentária para Emma Watson.
Os dentes falsos foram utilizados nessas primeiras cenas gravadas, mas logo o diretor Chris Colombus percebeu que o efeito dos dentes na tela não valia o esforço, e optou por não utilizá-los mais em nenhuma outra cena.
O problema é que algumas cenas já estavam gravadas - e refazê-las não era uma possibilidade, já que custaria alguns milhões de dólares. A equipe de efeitos visuais reduziu, então, na pós-produção o tamanho das próteses da personagem, fazendo com que os dentes falsos parecessem com o da atriz.
4 - A construção de Hogwarts
Antes na pré-produção do filme, a equipe se reuniu com JK Rowling e pediu para que ela fizesse um esboço da disposição dos ambientes em Hogwarts - a floresta proibida, o castelo, o campo de quadribol, o lago negro, Hogsmeade… Foi a partir desse mapa, então, que o diretor de arte Stuart Craig deu início ao seu trabalho na construção de Hogwarts.
Outro detalhe foi que tanto A Pedra Filosofal quanto A Câmera Secreta foram os filmes da saga que mais utilizaram locações reais. Por conta do orçamento inicial da série, a equipe precisou poupar na construção de alguns cenários, e a alternativa foi realizar as gravações em locais que parecessem com Hogwarts, como o Castelo de Alnwick, a Universidade de Oxford e a Catedral de Durham.
5 - Gravação multicâmera
Por conta da inexperiência dos atores, muitos que estavam atuando pela primeira vez, o diretor Chris Columbus conta que na gravação da cena da primeira aula de voo em vassoura, assim que disse “ação”, metade do elenco continuou parado sem saber o que fazer. Ele precisou, então, explicar que sempre que dissesse “ação”, significaria que as câmeras estariam rodando e que a atuação deveria começar.
E para lidar com essa inexperiência do elenco e cobrir qualquer distração das crianças durante alguma tomada, o diretor de fotografia John Seale rodava até três câmeras simultaneamente, cobrindo vários ângulos da ação. Graças a isso, mesmo em uma cena simples de diálogo percebemos que o filme apresenta muitos cortes, alternando rapidamente do close de um ator para o outro.
Assim, pela falta de experiência do elenco, Columbus precisou criar um mosaico na sala de montagem, unindo os melhores trechos de atuação de cada uma das crianças.
6 - O roteiro do filme
Por mais que a história estivesse pronta, ainda seria um grande desafio transformá-la em um roteiro conciso e possível de ser realizado. De início, a produção enviou o livro para alguns roteiristas, para despertar o interesse na escrita do roteiro do filme. Vários deles recusaram a tarefa, e o trabalho de adaptar Harry Potter e a Pedra Filosofal para o cinema acabou sob responsabilidade de Steve Kloves.
Apesar de levar a assinatura de Kloves, o roteiro recebeu a colaboração do diretor Chris Columbus, do produtor David Heyman e da própria JK Rowling. Na época, a autora manteve contato com o roteirista, respondendo suas dúvidas. JK disponibilizou a Kloves até mesmo o manuscrito do quarto livro, Harry Potter e o Cálice de Fogo, durante a escrita do roteiro de A Pedra Filosofal para ajudá-lo na adaptação daquele universo para as telas.
7 - A caracterização dos duendes
O maior desafio da equipe de maquiagem do primeiro filme foi a caracterização dos duendes. Por serem personagens com uma mitologia bem consolidada, a equipe de maquiagem de efeitos especiais precisou escolher se trabalharia com esse imaginário já explorado em outros filmes ou se criaria algo completamente novo.
A decisão foi de que acima de tudo eles pensariam nos duendes como personagens individuais, e não como um coletivo. Dessa forma, não existe um visual pronto para os duendes, assim como não existe um visual pronto para os humanos, explicou Nick Dudman, maquiador de efeitos especiais. Na sequência do banco Gringotts percebemos que cada duende tem um estilo, com seu próprio tipo de penteado.
8 - Xadrez bruxo
Uma das cenas mais amadas pelos fãs é também a favorita do diretor e do elenco. A cena em que os protagonistas enfrentam o xadrez bruxo foi realizada da maneira mais tradicional possível, assim como solicitada por Columbus. Todas as 32 peças foram esculpidas em barro em tamanho real, algumas com 3,6 metros de altura.
As peças eram controladas por rádio, se moviam de verdade pelo tabuleiro e eram capazes até mesmo de lutar e explodir. Apesar disso, por estarem lidando com um elenco infantil, a equipe responsável pelos efeitos optou por utilizar dispositivos de ar comprimido dentro das peças no lugar de explosivos. Assim eles poderiam destruir as peças de maneira controlada e acentuar o impacto das explosões na pós-produção.
9 - Criando o quadribol
Enquanto as gravações do filme aconteciam, uma unidade de produção totalmente separada trabalhava para materializar o quadribol nas telas. O primeiro passo foi realizar uma animação do jogo de quadribol antes de iniciar as gravações com os atores. Eles tinham, assim, um parâmetro de qual parte referente a animação estava sendo registrada.
Apesar dessa preparação, a equipe teve pouco tempo para realizar as gravações do quadribol, que foram jogadas para o final da produção, e os sets especiais que alguns takes exigiam não foram construídos a tempo, o que preocupou a equipe, que sabia que teria menos tempo para realizar a pós-produção dessas cenas do que desejavam.
Outro desafio também foi apresentar esse esporte completamente novo de maneira didática, para que o público alvo do filme - majoritariamente crianças - compreendesse o que estava acontecendo na tela. Novamente JK Rowling assessorou a equipe, explicando todas as regras do esporte.
10 - Corrida contra o tempo
Ao optar por gravar as cenas fora de ordem, a produção assumiu um grande risco para um projeto com crianças: o crescimento. Em alguns momentos do filme Daniel Radcliffe parece mais velho em uma cena do que em outra, e ao longo da produção sua voz foi ficando cada vez mais grave.
Mas como as filmagens aconteceram em poucos meses, essa diferença não era tão perceptível. Porém, Harry Potter e a Câmara Secreta deveria se passar apenas um ano após A Pedra Filosofal. O que não faria diferença em um projeto pequeno, em uma saga de vários filmes poderia ser um desastre, já que ao final da oitava produção os atores estariam velhos demais para seus papéis.
Isso obrigou a produção a iniciar a pré-produção do segundo filme antes mesmo de finalizar a pós-produção do primeiro. Então, enquanto parte da equipe estava focada na próxima história de Harry Potter, o diretor ainda estava empenhado em finalizar um corte do filme que agradasse o público e o estúdio.
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