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Carreira

3 dicas para quem está começando

há 5 anos 2 meses

É normal ficar entusiasmado com o começo na carreira audiovisual, mas algumas coisas tem que ser levadas em consideração.

Quantas vezes você não olhou para uma cena da janela do ônibus e pensou que aquele seria o take que te levaria a próxima edição do Oscar? Essa vontade de fazer a coisa acontecer pode ser muito boa se você encara isso como um motivador, mas pode ser algo que te atrapalha se você tenta correr antes de aprender a andar.

Ainda que existam as exceções à regra, algumas noções são interessantes e terão de ser exercitadas à exaustão antes que você se torne um diretor ou diretora de sucesso ou renome — e convenhamos, essas são coisas diferentes.

São detalhes que fazem toda a diferença na sua introdução no mundo do audiovisual, e que a gente vai falar um pouquinho agora.

Visibilidade é diferente de Qualidade de Conteúdo

No mundo dos milhões views , bater números astronômicos de visualizações, principalmente em redes sociais, não é necessariamente um sinal de que seu conteúdo tem qualidade:

a quantidade de view fala mais sobre o quanto seu vídeo foi acessível e qual foi o impacto que ele causou do que sobre a qualidade daquilo que ele mostra.

Focar somente na quantidade de views, aliás, é uma das coisas que tem feito com que os conteúdos disponíveis cada vez mais apelem para uma mesma fórmula. Ao invés de apostar na criatividade como principal fator para criação de novos conteúdos, parte-se daquilo que somente gera visualizações, o que mantém as produções girando normalmente em torno de um mesmo assunto ou modo de fazer audiovisual.

Você será um filmmaker ou uma filmmaker muito melhor se o seu foco estiver na capacidade criativa que você consegue imprimir nas suas produções. Não que o alcance delas não seja importante, pelo contrário, ele é importante: é dessa forma que você será visto, sua obra conhecida e novas portas podem ser abertas para o seu trabalho. Mas é importante lembrar:

É a criatividade que gera views e não o contrário.

Ritmo é muito importante

Não é incomum ver vídeo de filmmakers que estão começando suas carreiras se transformarem em peças que estão sem ritmo e são complemente monótonas: aqui no sentido de que não há variação na tensão, na emoção ou no seguimento da história que é contada. Tudo é muito do mesmo o tempo inteiro.

Por mais que não exista uma ideia fechada para o que é ritmo, pensar naquilo que você vai mostrar, entender que esse conteúdo tem começo meio e fim, que as personagens ou objetos que o compõe são feitos e desempenham papéis diferentes, podem ser começos muito bons para se refletir antes de fazer algum conteúdo.

Ideias muito boas são perdidas em produções, muitas vezes, que não apresentam um ritmo legal.

Mas diante disso tudo é a experiência quem mais vai influenciar na sua noção de ritmo: quanto mais você colocar a mão na massa e desenvolver conteúdo, mais você começará a perceber o ritmo que tem desenvolvido e mais vai querer que ele melhore e atinja o público da maneira que você quer.

Por isso, vale ir atrás, ler sobre os assuntos através de artigos ou cursos, assistir e consumir conteúdo audiovisual do mais variado possível em plataformas digitais exatamente para ganhar mais informações de profissionais que têm mais tempo de carreira ou vivência dentro da área do que você: depois que você aprende seus primeiros passos no audiovisual, é esse pessoal que vai te ensinar a correr.

O impacto do áudio

Todo mundo sabe qual é o último lançamento daquela fabricante de lentes ou câmeras fantásticas, com sensores full frame 4K que faz imagens incríveis, mas é um erro não dar a devida atenção ao que acontece no mundo do áudio.

É um tanto piegas dizer, mas fazer audiovisual é pensar nas duas palavras que compõem o termo:

aquilo que você vê é tanto importante quanto aquilo que você ouve.

E vale aqui lembrar: a ausência proposital de qualquer uma dessas partes, seja num trecho sem imagens do seu filme, ou num silêncio que propõe um momento de tensão, trabalham também com a noção de áudio + vídeo. A tradução de conteúdo em LIBRAS e a audiodescrição estão inclusas.

Porém, o que é mais comum quando se começa é pensar somente em termos visuais são conteúdos com qualidade de áudio que deixa a desejar. Muito do conteúdo que você acha na internet, por exemplo, tem um som péssimo, ainda que tenha uma qualidade de vídeo boa. E é sempre bom lembrar que é bem mais provável que alguém consuma um conteúdo com qualidade de vídeo um pouco inferior do que uma com som ruim.

Por fim, o universo do audiovisual está numa fase incrível para quem quer desbravar novas oportunidades: a tecnologia e a acessibilidade tornaram possível a produção de conteúdo que há 15 ou mais anos era inacessível ao público comum; e é bom encarar com entusiasmo todas essas coisas — principalmente numa área em que o sucesso e as novas descobertas não dependem de fórmulas prontas de trabalho.

Mas é ingênuo pensar que o sucesso vem de qualquer jeito se você produz seu conteúdo de um jeito qualquer.

Autor(a) do artigo

João Leite
João Leite

Escritor e redator, formado em Rádio e Televisão pelo Complexo FIAM-FAAM, apaixonado por literatura e observador míope do espaço sideral.

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