Uma parte essencial da formação de um filmmaker é o referencial. É sabido que, neste ponto da história, dificilmente você conseguirá produzir algo completamente original. E se para Lavoisier “nada se perde, tudo se transforma”, é melhor partir de referências de qualidade e que deram certo.
O TreinaWeb preparou uma lista de seis curtas metragens que podem te inspirar e preencher sua bagagem audiovisual. O formato, ideal para cineastas de primeira viagem, recebe maior destaque em festivais de Cinema ou até mesmo na internet - sendo um primeiro passo importante para quem pretende seguir carreira cinematográfica.
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Conhecer o curso1. Logorama (2009)
Produção francesa de alta qualidade, esse curta traz uma reflexão muito interessante sobre a sociedade atual. A obra é dirigida pelos franceses François Alaux, Ludovic Houplain e Hervé de Crécy e teve seu lançamento no Festival de Animação em Waterloo, no Canadá.
Em primeiro lugar na nossa lista de curta metragens, o filme conta com um enredo muito instigante e cheio de referências às grandes marcas que existem no mundo. Além disso, acaba sendo inusitado acompanhar os bonecos da Michelan perseguindo o Ronald McDonald por uma cidade cheia de logotipos famosos.
Com méritos, “Logorama” venceu o Oscar de Melhor Curta-metragem de Animação em 2010, com uma pitada interessante de humor e personagens que nos fazem lembrar instantaneamente das empresas as quais eles representam.
São 16 minutos fantásticos de pura criatividade, arrematados com um final Hollywoodiano ao som de I don’t want to set the world on fire.
2. Ilha das Flores (1989)
Esse é um filme que traz críticas sociais de fundamental importância, como a questão da desigualdade, do saneamento básico e do descarte irregular de lixo na pequena Ilha das Flores, localizada perto de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
Jorge Furtado é a mente talentosa responsável pela direção do filme, cuja narração é do brilhante ator Paulo José. Logo no começo, você já fica impactado por três frases — a última seria capaz de ter feito Nietzsche sorrir.
O curta foi vencedor de 16 prêmios do gênero, dos quais podemos destacar o Kikito de Melhor Filme de Curta-metragem no Festival de Gramado e o Urso de Prata no Festival de Berlim, na Alemanha.
Outro fato que vale a pena mencionar é que “O Guarani”, de Carlos Gomes, é o tema que inicia e finaliza a parte musical dessa produção incrível.
3. O avião de papel (2012)
Com a tutela dos estúdios de Walt Disney, Paperman (título original) traz uma história de amor bem simples e encantadora. Um rapaz se vê diante de uma linda mulher numa estação de trem e acaba se apaixonando, ao melhor estilo Ted Mosby de How I Met Your Mother.
Esse é um filme inovador por conta das técnicas usadas na produção, com uma animação feita por computador aliada ao requinte do preto e branco e tomando forma com um recurso chamado Meander, que junta o formato 2D com um CGI 3D.
John Kahrs é o diretor da obra e esse pequeno enredo de paixão à primeira vista conseguiu ganhar o Oscar de Melhor Curta-metragem de Animação em 2013.
Vale a pena prestar atenção especialmente nos efeitos sonoros, que parecem dançar com as cenas do filme — tudo milimetricamente planejado.
4. Socorro Nobre (1995)
Com a direção de Walter Salles e a maestria de Walter Carvalho na fotografia, “Socorro Nobre” conta a incrível história de Maria do Socorro Nobre, uma mulher vivendo em uma penitenciária em Salvador.
Depois de ler uma reportagem na revista Veja sobre o polonês Frans Krajcberg, artista plástico e sobrevivente do holocausto, Maria do Socorro resolve lhe escrever uma carta, mostrando sua compaixão e empatia.
O filme, com ar de documentário, mostra um relato emocionante de Maria sobre dar a volta por cima e tentar alcançar um destino melhor. No curta, o encontro dela com Frans é retratado como um momento muito singelo e bonito, dando um ar mágico a essa produção.
“Socorro Nobre” ganhou o prêmio como Melhor Documentário no Festival do Chile em 1996. Um fato curioso é que esse curta-metragem serviu de inspiração para Walter Salles criar a personagem Dora, de “Central do Brasil”.
5. A casa de pequenos cubinhos (2008)
Uma produção japonesa, simples e muito bem executada pelo diretor Kunio Kato, “A casa de pequenos cubinhos” conta a história de um velhinho um tanto solitário que, ao ver sua casa sendo inundada, sempre constrói um andar acima para se proteger.
De tijolinho em tijolinho, ele vai erguendo novos cômodos a cada entrada de água. Nesse meio tempo, acaba perdendo seu cachimbo e resolve comprar uma roupa de mergulho para buscá-lo. No entanto, em cada parte que ele passa, vêm as lembranças da vida que teve em família.
Com um enredo comovente e abordado de forma bem cativante, esse curta faz com que o espectador embarque de maneira única em cada memória daquele senhor. Não é à toa que a obra foi vencedora do Oscar na categoria de Melhor Curta-metragem de Animação no ano de 2009.
6. Menino do cinco (2012)
Dirigido por Marcelo Matos de Oliveira e Wallace Nogueira, o filme traz a história do menino Ricardo (Thomas Oliveira), branco, de classe média alta baiana e cheio de brinquedos à sua disposição. Apesar disso, um tédio sem fim o consumia, fazendo com que ele sentisse que queria algo diferente para sua vida.
Em contraposição, vemos um segundo personagem, Téo (Emanuel de Sena), negro e morador de rua, que perambulava com os amigos e o seu cachorro, próximo de um condomínio. Devido a um descuido, o menino acaba perdendo de vista seu bichinho de estimação, que vai correndo e se depara com o “menino do cinco”.
A história vai se desenrolando até chegar a um final que gerou muitas discussões — ao qual você terá que assistir para tirar as suas próprias conclusões. Essa produção brasileira conseguiu seis prêmios no Festival de Gramado, dentre eles o Kikito de Melhor Filme.
Vale lembrar que diversos diretores norte-americanos consagrados já fizeram filmes assim: são os casos de Vincent, de Tim Burton, e de Escape to Nowhere, de Steven Spielberg — que, aliás, foi seu primeiro trabalho cinematográfico.