Essa é o tipo de pergunta que sempre está no imaginário de quem está começando ou tem a intenção de começar a produzir conteúdo audiovisual e a resposta é que esse é um conhecimento que vem com o tempo.
Sabe aquela história do aprender fazendo? Muito do que é feito no audiovisual é aprendido assim, fazendo. Porém, quando se trata de olhar e analisar o que já foi feito por profissionais que estão no mercado há mais tempo e contam com essa experiência, é unânime a opinião de que o planejamento faz toda diferença.
Se você ainda filma com celular e faz apenas pequenos vídeos ou se já trabalha com cinema ou produção de conteúdo usando equipamentos complexos e caros, o planejamento é o primeiro passo lógico para uma produção de qualidade — guardada suas devidas proporções de produção, é claro. E um bom planejamento sempre passa pela análise técnica do roteiro.
Por se tratar de um assunto extenso, vamos dividir o tema em duas partes: uma pra explicar sobre a definição da análise técnica e quem a faz, além de falar sobre a importância da locação dentro do projeto, e na segunda parte, vamos mostrar como cada parte do seu filme é alterada pela análise técnica.
O que é a análise técnica?
Um dos primeiros passos desse planejamento é a análise técnica do roteiro que nada mais é do que
a leitura e interpretação do roteiro, de maneira que seja possível transforma-lo em listas de personagens, itens, locações e outros componentes essenciais do projeto audiovisual.
Uma das coisas que é muito importante lembrar é que uma análise técnica bem feita é um dos passos que melhor garante o sucesso do seu projeto, já que a partir dela você pode prever claramente necessidades do seu projeto para que ele finalmente saia da sua imaginação e vire, de fato, conteúdo audiovisual.
Em nível profissional, para o profissional que quer concorrer a editais públicos ou privados, por exemplo, a análise técnica é essencial para a apresentação e concorrência com outras produtoras ou com produtores de conteúdo: saber o que você vai fazer, como e quanto isso vai custar para ser feito são critérios de seleção que podem, ou não, fazer com que seu projeto ganhe viabilidade dentro desse tipo de processo.
Quem faz a análise técnica?
A análise técnica ideal é feita pelos chefes de departamento da equipe que foi montada, como diretor(a), diretor(a) de fotografia, diretor(a) de arte, por exemplo. Cada um deles vai contribuir de maneira única, principalmente considerando o seu setor e as necessidades de cada um deles para que o efeito ou objetivo de uma determinada cena ou trecho possa ser produzida.
A Análise técnica por função na equipe
| | | | |–––––––––––––|:—————————————————————————————————————————————————————————————————————————————————————————————————————————–:| | Diretor(a) | Ele(a) é responsável por ajudar a visualizar o filme que pode ser feito, principalmente nos aspectos artísticos, organizacional e cênico, dando dicas gerais para outros departamentos | | Diretor(a) de Fotografia | Ele(a) é responsável com a parte de relação de equipamentos que melhor cumprem as propostas estéticas e práticas do filme, além da relação com a equipe de fotografia, especificidades técnicas de iluminação de locação. | | Diretor(a) de Arte | Ele(a) é responsável pela parte de parte de construção cênica em termos de cenários, prevendo se esses cenários precisarão ser construídos exclusivamente para o filme, além do custo que esse processo gera. Detalhes como figurino, cabelo, maquiagem e outros componentes visuais cênicos são de responsabilidade dele(a). |
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Uma boa análise técnica feita por esses departamentos leva em consideração as locações que melhor atendem àquilo que foi estipulado pelo roteiro em seu cabeçalho do seu roteiro e que são partes importantes na construção do sentido do seu projeto.
Então, caso o seu roteiro preveja, uma casa de bairro de classe média baixa, por exemplo, é interessante fazer o levantamento ou pesquisa de bairros de classe média baixa da cidade na qual você se encontra ou onde vai rodar as gravações do seu projeto para verificar qual das casas ali melhor se encaixa dentro dos requisitos descritos no roteiro.
Na prática, o que mais ajuda, principalmente quando se fala de produção de baixo orçamento, é encontrar uma locação que já esteja “totalmente pronta”: é muito fácil trabalhar com locações e cenários que já tenham as características que sejam as mais próximas possíveis do que foi idealizado no projeto escrito sem que você tenha de montá-los em uma locação vazia.
E não se esqueça: escolher uma locação também é prever qual será a sua logística para transporte de equipamentos, da equipe e dos atores — o que pode acrescentar gastos, se trata de uma locação distante.
Por enquanto, vamos encerrar por aqui. No próximo post sobre análise técnica vamos falar sobre como ele se aplica a cada área do seu projeto. Até lá.