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Cinema

Dicas para desenvolver bons personagens em seu roteiro

Confira algumas dicas para criar e desenvolver bons personagens em seu próprio roteiro.

há 6 anos 11 meses

Professor de escrita criativa e “guru” do roteiro cinematográfico, Robert McKee estruturou no livro Story - Substância, Estrutura, Estilo e os Princípios da Escrita de Roteiro os passos para a escrita de um bom roteiro, partindo da análise de mais de cem filmes.

Para te ajudar a pensar, entender e, principalmente, criar bons personagens para seu próprio roteiro, o TreinaWeb traz algumas dicas do autor que vão te guiar na escrita do seu filme.

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Gêneros

McKee destaca a importância dos gêneros cinematográficos para um alinhamento entre as expectativas do público e o resultado em tela. Isso é, o público, como conhecedor dos gêneros, entra na sessão com um “conjunto complexo de antecipações” que podem ou não serem supridas. Para o autor, é extremamente importante que um roteirista conheça as convenções do gênero que irá se propor a escrever para que possa cumprí-las de maneira única.

Uma convenção em um Thriller, por exemplo, é o criminoso fazer com que o detetive encare o crime como um ataque pessoal. No começo da história podemos ter um policial que leva uma vida comum, mas que sofre uma reviravolta quando o criminoso começa a passar dos limites. Relíquia Macabra (1941), de John Huston, e Se7en (1995), de David Fincher, são dois bons exemplos dessa convenção de gênero.

Em uma Trama de Desilusão podemos abrir a história com um personagens otimista, com uma visão de vida positiva, mas que ao passar por seguidas situações negativas acaba por perder a esperança e abandona seus sonhos e valores. A Conversação (1974), de Francis Ford Coppola, e A Doce Vida (1960), de Federico Fellini, são exemplos clássicos desse gênero.

Negar todas as convenções, para McKee, seria um erro, e elas estão presentes em todo o seu filme, seja nos ambientes, papéis, eventos ou valores.

Personagens

Seus personagens não são suas caracterizações. Caracterização seria apenas a soma das qualidades observáveis em uma pessoa - cor do cabelo, QI, sexo, carro, roupa. Seu personagem - seu verdadeiro personagem - não são esses traços, porque essas características estão na superfície. Como descobrir se seu personagem é amável ou cruel, sincero ou mentiroso, corajoso ou covarde? Crie situações que o coloque à prova.

Só sabemos como verdadeiramente é um personagem quando testemunhamos uma escolha em que toma sob pressão e que envolve certo risco. Como afirma McKee, “quando ela escolhe, ela é”.

Mas lembre-se de colocar uma dose de risco nas escolhas de seu personagem. Como o próprio autor aponta, se uma pessoa decide contar a verdade em uma situação em que a mentira não lhe traz risco, essa escolha não representa nada. Mas se esse personagem insiste na verdade mesmo que a mentira pode salvar sua vida, percebemos que a honestidade é intrínseca a essa pessoa.

Estrutura

Filmes são sobre seus 20 minutos finais”. Isso é, o último ato e o clímax do filme devem ser a experiência mais satisfatória do filme. Então, é necessário estabelecer uma coerência e desenvolvimento interno em seu roteiro. A estrutura tem essa função de criar pressões progressivamente contruídas, forçando o personagem a chegar ao seu verdadeiro eu.

Fique atento ao arco de cada um de seus personagens. Um arco de mudança de natureza interna, para melhor ou para pior, revelará verdadeiramente, principalmente, seu protagonista, e é esse design da sua história que sustentará a profundidade de todos os seus personagens. Então, fique atento a progressividade em seu roteiro e guarde o melhor para o final.

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Autor(a) do artigo

Rafael Alessandro
Rafael Alessandro

Professor, coordenador e produtor de conteúdo no AvMakers. Rafael Alessandro é formado em Comunicação, graduando em Cinema e Audiovisual e mestrando em Cinema e Artes do Vídeo pela Faculdade de Artes do Paraná.

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