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Cinema

O Cinema 3D morreu?

Oito anos após o lançamento de Avatar, o Cinema 3D ainda sobrevive?

há 7 anos 3 meses

Com o sucesso de Avatar, lançado em 2009, a indústria cinematográfica passou a investir piamente na captação e conversão (em pós-produção) de conteúdo com perspectiva em três dimensões. A produção de James Cameron é hoje o filme que atingiu maior bilheteria na história do cinema (sem levar em conta a inflação) e fez com que o formato fosse enxergado por muitos como uma possível salvação da sétima arte, que vinha perdendo público para plataformas de streaming e pirataria.

Oito anos após esse lançamento, o futuro do 3D não parece mais tão promissor. Afinal, qual o destino do Cinema em três dimensões?

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História e evolução do 3D

O primeiro filme 3D da história é datado de 1922 e recebeu o nome de The Power of Love. A tecnologia utilizada no longa chama-se anaglifia – duas imagens visualmente combinadas, uma desenhada em vermelho e outra em azul, eram vistas através de um par de óculos com lentes coloridas das mesmas cores.

Mas só nos anos 50 que o 3D ganhou popularidade, com a chegada do Natural Vision – um equipamento de captação de duas câmeras registrando profundidades diferentes, capaz de criar um efeito 3D visualizado a partir de óculos com lentes polarizadas. Bwana Devil (1952), de Arch Oboler, foi o primeiro longa exibido no formato. A Warner Bros apostou na tecnologia e adquiriu a licença do Natural Vision.

Apesar desse passo evolutivo, diretores como Hitchcock não estavam plenamente satisfeitos com o efeito de três dimensões em tela, e o 3D só se popularizou mundialmente com a tecnologia digital. Em 2005, menos de 100 salas eram capazes de exibir o formato nos Estados Unidos. Em 2009, já eram mais de 2000. Já o Brasil – que tinha 267 salas 3D em 2010 – registrou a inauguração de 144 novas salas apenas entre janeiro e julho de 2011.

Já consolidado, o 3D sofreu severas reclamações por parte da crítica especializada, principalmente por parecer um recurso vazio, que não oferecia nada mais que uma forma de os cinemas cobrarem mais pelos ingressos.

Linguagem pouco desenvolvida

Desde o seu surgimento, o 3D tem sido explorado como efeito, e não como linguagem. Isso é, a tecnologia se fez presente em filmes mais por uma questão estética com ares de modernidade do que para auxiliar na narrativa.

Mas está tudo bem, isso não é exclusividade do 3D. Toda inovação tecnológica introduzia ao cinema sofre do mesmo desvio - som, cor, widescreen… O amadurecimento de um novo recurso só vem com o tempo, estudo e prática dos cineastas ao utilizarem e deixarem o deslumbramento tecnológico de lado. Mas esse não foi o único problema da nova tecnologia.

O uso excessivo do efeito 3D muitas vezes acaba prejudicando a experiência do espectador - e sua proposta inicial de imergir seu público no filme acaba tendo o efeito exatamente contrário. Para o roteirista Jean-Claude Carrière, “no momento em que um efeito aparece, corremos o risco de ver a técnica, unicamente técnica. Quando a câmera toma conta da tela, nos damos conta, imediatamente; percebemos de repente que estamos num cinema – e não no interior da história que viemos ver”.

Ou seja, muitas vezes, quando o filme utiliza artifícios como “jogar” objetos em direção ao público a partir do 3D, isso é o suficiente para que o espectador deixe a trama de lado e lembre que está em uma sala de cinema, e que aquilo que ele acabou de ver foi um efeito 3D. E essa racionalização é prejudicial não apenas para a narrativa, mas para a experiência cinematográfica individual.

Futuro do 3D

Em Julho deste ano, Greg Foster, CEO do IMAX Entertainment, declarou que o espectador americano tem demonstrado menor interesse pelo formato e a empresa estava identificando uma preferência do público pelos filmes em projeção convencional. Com isso, haverá uma priorização por parte do IMAX em produzir filmes em duas dimensões, contrariando as previsões de que o 3D seria o futuro do cinema.

Além disso, marcas como LG, Sony e Samsung já anunciaram que não fabricarão mais televisores compatíveis com a tecnologia, e redes de televisão pararam há anos de investir em produção de conteúdo e transmissão 3D. Os investimentos agora estão voltados ao 4k, 8k e telas cada vez maiores e de resoluções astronômicas.

É difícil prever se o 3D terá chance de adquirir linguagem própria após esse prelúdio do fim. É possível que, agora, seja explorado para fins artísticos e persevere em produções que consideram essencial o efeito para sua narrativa. De qualquer forma, a tecnologia cumpriu seu objetivo e foi responsável por trazer uma geração de volta aos cinemas.

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Autor(a) do artigo

Rafael Alessandro
Rafael Alessandro

Professor, coordenador e produtor de conteúdo no AvMakers. Rafael Alessandro é formado em Comunicação, graduando em Cinema e Audiovisual e mestrando em Cinema e Artes do Vídeo pela Faculdade de Artes do Paraná.

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