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O formato Master Scenes

há 5 anos 6 meses

Quantas vezes você não tinha a ideia prontinha na cabeça, mas não sabia exatamente como colocá-la no papel? Se você se identificou com essa pergunta, saiba que não é a primeira pessoa e que possivelmente não será a última com problemas para escrever um roteiro.

Dentro de uma peça audiovisual o roteiro do que vai ser feito é uma das peças mais importantes porque a história a ser contada está ali: é ele que o diretor vai seguir e conduzir; é a partir dele que os câmeras vão se orientar e que toda a equipe vai se pautar na hora da produção.

Mas mais do que simplesmente conter a narrativa,

é importante que o roteiro seja uma peça que trabalhe e converse com outras partes da equipe produtiva sem que haja prejuízos ou ruídos e para que o trabalho possa correr de maneira mais fluida possível.

O que eu quero dizer é que o roteiro deve, sim, conter o melhor da história, mas também deve ter espaço para os outros profissionais que vão trabalhar em cima dele.

A melhor forma de fazer isso é ter um padrão que você possa trabalhar, isto é, que todo roteiro feito seja pensado em um formato que realize esse objetivo de ser distribuído para toda equipe. Foi dessa necessidade que nasceu o formato Master Scenes.

Em vez de escrever o roteiro como uma peça de teatro, na qual falas e indicações de cena ocupam o mesmo lugar, o Master Scenes leva em consideração a apresentação de informações de maneira mais rápida e fácil interpretação.

Além disso, o formato permite que você tenha controle sobre o tempo de duração da história narrada — algo que pode fazer muita diferença em termos de tempo e dinheiro dentro da sua produção. Cada página de roteiro equivale a um minuto de cena aproximadamente.

Essa página é dividida em Cabeçalho de Cena, Ação, Diálogos e Transição, cada qual tendo uma característica gráfica específica, como o uso da fonte Courier New, em tamanho 12, além de ter uma forma de ser escrita.

O cabeçalho, por exemplo, introduz a cena numericamente e indica onde ela acontece, se é num ambiente interior (INT.) ou exterior (EXT.). Na mesma linha ele diz em que lugar aquela cena ocorre: 1 – INT. - CASA DE MANUEL. Ele termina com a indicação da luz ou do tempo em que a cena ocorre: 1 – INT. - CASA DE MANUEL – NOITE. O cabeçalho é escrito todo em letras maiúsculas.

Abaixo do cabeçalho começam as ações das personagens, todas escritas em terceira pessoa e sem interpretação literária, isto é, dentro do formato Master Scenes esse tipo de descrição é a mais impessoal possível, isso porque os elementos que vão, de fato, contar a história estarão na tela e não mais no papel.

O diálogo ocupa a parte central da página, como se você o escrevesse dentro de um “balão”. Ele começa indicando quem fala, se fala a alguém — ou se é um Voice Over ou um Off-Screen — e segue com as linhas de fala da personagem. Dentro desse “balão” a escrita segue aquilo que você espera que o ator fale, dando-se liberdade para a interpretação, o que não exige, necessariamente, norma culta de escrita.

A transição, como o próprio nome diz, é uma indicação sobre um efeito de transição que ocorre entre cenas ou, no mais comum dos casos, o fade in (da tela preta para a imagem) ou o fade out (da imagem para a tela preta), o que significa, geralmente, o começo e o fim da peça, respectivamente.

Dividindo a história dessa forma, a produção, por exemplo, sabe quantas cenas terão de ser gravadas internamente e externamente; a de direção de arte, por meio das ações e interações com os objetos, tem uma noção daquilo que precisa aparecer em certas cenas; a diretoria consegue saber o que esperar dos atores em termos de interpretação por conta das falas e a equipe de filmagem de ideia de onde tudo começa e termina. Ao fim, toda a produção é unida pelo roteiro!

Ao juntar todas as partes de produção num documento só,

o formato Master Scenes se mostra uma ferramenta muito útil dentro da produção de peças audiovisuais, não só pela sua dinamicidade, mas pela sua simplicidade.

Há templates prontos na internet, disponibilizados gratuitamente em formato Microsoft Word (.docx) ou LibreOffice Writter (.odt), além de programas especializados, que permitem um uso ainda mais profundo do formato, como o Celtx, também livre e gratuito.

Autor(a) do artigo

João Leite
João Leite

Escritor e redator, formado em Rádio e Televisão pelo Complexo FIAM-FAAM, apaixonado por literatura e observador míope do espaço sideral.

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