O ator é, querendo ou não, a vitrine do seu projeto: mais do que a arte, a direção ou todas as outras etapas e componentes da peça audiovisual que você esteja produzindo, o grande público sempre nota no fator humano que está sendo apresentado em sua peça audiovisual. Mesmo que seja um comercial de carro, no qual a estrela é o próprio automóvel, seu motorista ou o público humano a que ele se direciona são um dos itens que compõem a narrativa de maneira geral.
Indo da atuação mais voltada ao mundo comercial, como a de divulgação para TV e internet, até aquelas que tem um objetivo mais cinematográfico, quem serão os atores e como eles vão atuar são fatores que determinam o impacto da sua produção.
A direção de atores — de maneira mais específica — ou a direção-geral são responsáveis por cuidar do desenvolvimento dessa área, seja na orientação dada no backstage ou mesmo já dentro do set de filmagem.
Por mais preparados que sejam os atores e por mais que se exija uma atuação na melhor qualidade possível, o diálogo entre essas direções e os atores deve ser sempre corrente.
Existem métodos e sistemas específicos de interpretação de atores que são aplicáveis a todos os níveis e nichos de produto a serem desenvolvidos. Um dos que se usa, por exemplo, dentro do cinema, é o Sistema Stanislavski, um método de interpretação de personagens desenvolvido por Constantin Stanislavski entre o final do século XIX e começo do século XX.
O Sistema Stanislavski é principalmente voltado à prática de ações físicas e não físicas dos atores, isto é, aquilo que eles desenvolvem enquanto pequenas ações, ritmos e movimentações que sejam “naturais”, além de atividades, como, por exemplo, correr, fumar ou limpar determinado lugar dentro de um cenário. Tudo isso por meio de técnicas de relaxamento, concentração e observação, além da valorização de detalhes que são importantes para a representação da personagem, além de muitos outros passos que tornam crível a sua atuação.
O Sistema propõe, dentre várias coisas, uma observação mais minuciosa daquilo que é feito dentro de cena, tentando estabelecer, de alguma forma, lastros que tragam o ator e, consequentemente, o público para uma interpretação que seja a mais próxima de reproduzir uma realidade pessoal da personagem retratada. O recurso da “memória afetiva” evocada do ator traz esse sentimento de algo mais próximo do real.
O conhecimento desse tipo de método ou de outros métodos de interpretação dá ao diretor uma noção daquilo que ele pode exigir dos seus atores conforme o roteiro e as intenções que são desenvolvidas durante o seu processo.
A escola ou curso preparatório de atuação, normalmente, prepara o ator com esse sistema e outros, o que torna ainda mais importante que a equipe que vai lidar com ele esteja preparada para extrair o melhor dessa sua atuação, criando sintonia.
E vale aqui destacar: erra quem pensa que num comercial de 30 segundos — ou menos, como nos novos de 5 segundo em plataformas virtuais — não há necessidade de uma profundidade interpretativa dos atores.
Não se trata somente de estudar profundamente uma personagem de uma moça que simplesmente vai comer uma barra de chocolate que é lançamento no mercado, mas daquilo que ela precisa ser orientada por parte da direção.
A reação ao sabor do produto por parte do ator, por exemplo, pode ser o fator decisivo entre a compra ou não desse produto.
Essa imersão, também por parte da direção, torna o projeto extremamente eficaz, porque você, enquanto diretor ou diretora, sabe o que pedir e o ator sabe aquilo que vai entregar. Não que não ocorrerão regravações de cenas ou ainda erros, mas não se perde tempo tendo que se reexplicar a cena várias vezes: uma orientação eficaz, acompanhada de um estudo por parte do ator, garante uma boa economia em locações de equipamento, estúdio, equipe e, consequentemente, torna o projeto mais enxuto.
Por mais que seja trabalhosa, a direção de atores é muito divertida e, ao mesmo tempo, intensa. Por quê? Ela é intensa porque se lida sempre com tentar extrair do ator aquilo que ele pode entregar de melhor sobre uma emoção ou ação — seja ela escrachada ou mais cautelosa. Mas divertida porque, ao menos no caso do diretor de atores, você vive junto com os atores aquilo que eles devem entregar. Torna-se um momento, de fato, no qual a obra te inspira e você começa a ver que as letras que estavam há pouco no roteiro já não importam mais, porque você está vivendo cada uma delas ali e agora.