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O poder do documentário

há 5 anos 4 meses

O crescimento de documentários tem mostrado que algo de diferente tem acontecido na forma que eles são construídos e que não deixam a desejar a qualquer outro tipo de produção.

Não é preciso se esforçar para lembrar de como eram os documentários da década de 80 e 90: uma fórmula pronta que misturava longas gravações a um narrador externo e de vez em quando um depoimento de uma parte envolvida no assunto.

Muito limitado ao padrão jornalístico imparcial e de tom mais sério, o documentário era um tipo de produção restrito a um público muito específico como rodas de debate em universidades por exemplo. A linguagem que era desenvolvida também era um fator limitante por exigir um conhecimento prévio do assunto ou ainda por envolver por muito tempo um diálogo monótono entre uma parte entrevistadora e outra entrevistada.

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A acessibilidade

Mas, a forma de fazer audiovisual, de maneira geral, tem sofrido grandes mudanças no decorrer dos anos 2000 e mais especificamente nos últimos 10 anos. Novas câmeras, a internet de ultravelocidade, o streaming e as plataformas digitais transformaram a relação com o audiovisual.

Dentro dessa mudança, no que se refere ao consumo, é inegável dizer que as plataformas digitais como Netflix — e especialmente ela — mudaram completamente a forma que o conteúdo audiovisual era produzido e consumido. E isso também inclui os documentários de forma geral.

Se alguém quisesse assistir ao clássico Super Size Me (2004) a opção era a assinatura de um plano ou aluguel do filme em alguma locadora de grande porte ou alternativa — o que, em termos econômicos, não era próximo da realidade brasileira, por exemplo.

Uma questão de demanda

Ao trazer a locadora para dentro de casa, a Netflix fez com que o acesso a esse tipo de conteúdo fosse ampliado e, consequentemente, a demanda por esse tipo de produção, que não só atingia mais pessoas, mas que agora precisava de renovação na sua linguagem. As novas formas de consumo de audiovisual são grandes responsáveis pela grande produção de documentários no cenário atual.

O público redescobriu o documentário.

Essa nova onda de produção voltada para esse formato de não-ficção também criou um novo mercado no qual marcas ou produtoras patrocinam esses filmes em nome da construção de uma imagem positiva diante desse novo público — uma espécie de vídeo institucional de si mesmas. Produções como The iPod Revolution (2007) e Welcome to Macintosh (2008), que narram a história da Apple e de seus produtos — em especial o iPod e o Macintosh, são exemplos desse novo tipo de patrocínio às produções de documentário.

A qualidade das novas produções

Outro fator que influenciou o aumento da demanda dos documentários é o aumento da sua qualidade, tanto em termos de produzir boas narrativas ao redor do tema, quanto em termos de estética.

A produção de documentários, agora, tem um diálogo muito mais próximo de outros formatos: ao invés de peças inteiriças com horas de duração, os documentários têm tomado emprestado o formato da série — mais fáceis de acompanhar, eles podem ser consumidos em partes e ganham maior espaço para explorar seus assuntos.

A série documental Wild Wild Country (2018), que é original da própria Netflix, consegue transformar fatos históricos que o grande público já tem algum conhecimento em uma história completa, com personagens bem delimitados e tudo o que uma história de ficção poderia ter.

Muito desse aumento na qualidade dos documentários recentes se deve às novas tecnologias de captação e tratamento de imagem e som. Enquanto nos anos 80 e 90 o equipamento necessário para produção de filmes era caro, pesado e com uma fidelidade de imagem duvidável, hoje muito do conteúdo disponível foi captado e editado em 4K e tem som dividido em vários canais feitos com equipamento de preço razoável. Se os custos com equipe e pós-produção são incluídos na comparação, a diferença se mostra maior ainda.

Exemplos

Citizenfour (2009) da diretora Laura Poitras é um desses filmes que mostra a transição na maneira como documentários eram feitos para um novo formato: o filme acompanha a denúncia feita por Edward Snowden para a diretora e uma equipe de jornalistas, dentre os quais se destaca o nome de Glenn Greenwald.

A condução do filme, dia a dia, é feita de maneira a gerar aflição e uma ideia de perseguição — temas do documentário em si —, tópicos que são passados através do posicionamento dos diálogos, do tipo de imagem feita e da edição — essa última ganhando um papel primordial no sentido do filme: a edição constrói muito do impacto do filme.

A História de Deus com Morgan Freeman (2016-2017) é o tipo de série documental que também é construída de maneira muito parecida com um filme. As imagens e a narração, agora transformada em diálogo do ator Morgan Freeman, tornam o tema da série muito mais agradável ao grande público. É essa nova articulação dentro do documentário que tem tornado a produção mais popular.

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O futuro desse tipo de produção

O redescobrimento do documentário e as novas formas com que ele tem sido feito ultimamente apontam para um setor do audiovisual que ainda tem muito a oferecer em termos de exploração. A não-ficção tem se mostrado lucrativa para as produtoras, o que aponta para um futuro promissor para os documentários.

Independentemente de posicionamentos políticos, Democracia em Vertigem (2019) é considerado um sucesso pela sua audiência e pela repercussão que causou — tanto negativa quanto positiva — em relação ao público. Os comentários fizeram com que o audiovisual brasileiro fosse novamente comentado nos círculos de cinema fora do país.

Há muito ainda a ser explorado e vale muito a pena investir na linguagem do documentário e na capacitação de profissionais, e nós temos um curso exclusivo que fornece uma preparação completa para a produção de bons documentário aqui.

Autor(a) do artigo

João Leite
João Leite

Escritor e redator, formado em Rádio e Televisão pelo Complexo FIAM-FAAM, apaixonado por literatura e observador míope do espaço sideral.

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